2006-12-02

A DIGNIDADE CONTRA O RACISMO

COMBINAÇÕES
MISTERIOSAS

A liberdade é um fenómeno cultural como qualquer outro e, nessa dimensão, não é inata na nossa espécie. Sequer se pode dizer que ela é inerente aos homens. Ainda que fundamentada em valores, a liberdade é, antes de mais, uma condição. Obviamente a nível teórico, se procurarmos alternativas aos modos de pensar racistas e aos sentimentos etnocêntricos, então não é aquele conceito que deveremos usar. Para tanto, impõe-se que isolemos valores que, assim no tempo como no espaço, sejam universais, isto é, se encontrem em qualquer indivíduo quando nasce.
Tendo em conta os desideratos descritos, a noção de humanidade parece ser mais profícua. O Homem é uma ambivalência entre um ser biológico e um cultural, o que, na realidade, aquele conceito reflecte, sendo possível consubstanciar o segundo daqueles pólos com a qualidade de infinitamente dignos em que todos os humanos são nados. Desta forma, quer para combater o racismo quer para superar o etnocentrismo é aquela a noção a explorar uma vez que engloba a dignidade que, mais que um direito, é o valor primacial e o único que reúne o aludido condão da universalidade e, por isso, o primeiro a ser esgrimido por quem quer demandar os propósitos em questão.
Aliás, é precisamente a dignidade que justifica a defesa da liberdade que passa por ser a única condição social consentânea com uma vida digna.

Luís F. de A. Gomes
Alhos Vedros, 20 de Dezembro de 1999