2007-06-23

CONVERSAS DE RUI E LUÍS

NOTAS DE PENSAMENTO

Escrevo aqui alguns comentários, em relação à conversa que tivemos, a desfrutarmos o Tejo.
Falámos sobre os nossos interiores, sobre uma das leis que operam no Universo; a dualidade. E acerca de Deus.

Comecemos pelos nossos interiores...


Se observamos cuidadosamente a nossa vida, o nosso dia a dia, verificamos que nunca somos idênticos: às vezes se manifesta em nós uma pessoa esplêndida, benevolente, em outro instante uma pessoa irritada, mais tarde impaciente, depois autoritária, triste, alegre, etc, etc...

Surgem-nos fluxos de Pensamentos contínuos em forma de desejos, sonhos, discursos, sexo, paixões, dramas pessoais, mentiras, vícios, preocupações, complexos, imagem pessoal e por ai fora.


Nossa personalidade é como uma marioneta ao sabor dos diversos estados que projectamos do nosso interior. Somos envolvidos e absorvidos por uma teia de regras, leis, códigos morais, modas, marketing, que nos influenciam e moldam comportamentos.
Vivemos como que esquecidos de nós mesmos, acabamos por não saber viver conscientemente.


Quando nos questionamos: quem somos? O que fazemos aqui? Como funcionamos? Qual a consciência de nós mesmos?
Se quisermos realmente responder a estas questões, então é necessário compreender a nossa pessoa, como funcionamos.


Se reparares "somos uma sucessão contínua de pensamentos" estamos sempre a emitir pensamentos.
DEVEMOS COMEÇAR POR AI, parar nos pensamentos: analisá-los, compreendê-los, transmutá-los.
Se nos queremos chegar a conhecer a nós mesmos, então temos que auto-observarmo-nos.


Quando observamos algo exterior, a atenção é dirigida para fora, para o mundo exterior e através dos nossos sentidos captamos o que nos rodeia.
Na auto-observação a atenção é orientada para dentro, para o nosso interior.


O nosso mundo interior é auto observável em si mesmo e dentro de si mesmo.
Quase tudo provém do nosso interior, tudo se passa nos nossos pensamentos, que projectamos na Mente ou emitimos para o exterior através da fala, de atitudes ou comportamentos.
O que se passa no exterior é o reflexo do que pensamos interiormente.


O Mundo exterior é observável através dos sentidos.
O Mundo interior é auto-observável em si mesmo e dentro de si mesmo.

Pensamentos, ideias, emoções. SÃO INTERIORES. Invisíveis para os sentidos.
Em nossos mundos internos: amamos, desejamos, sonhamos, bendizemos, maldizemos, gozamos, sofremos, suspeitamos...


O conceito de Real, é aquilo que experimentamos no nosso interior.


Cada pensamento negativo (má vontade, cobiça, ira, vingança, orgulho, luxúria, inveja, ódio, ressentimento, ciúmes, raiva, desconfiança, suspeita...) Cada pensamento desses é uma emanação de energia É COMO UMA PESSOA DIFERENTE QUE VIVE DENTRO DE NÒS.


A grande e difícil Batalha Interior é a luta contra todos esses defeitos e pensamentos.
É a eliminação das partes negativas que nos permite que as nossas energias interiores e a nossa própria Alma adquiram pureza e graus vibratórios que lhe permita ascender nas hierarquias Divinas.


É essa a luta de vencermo-nos a nós próprios.
É parar nesses pensamentos e eliminá-los, transmutá-los no momento em que eles comecem a surgir.
Para te venceres a ti próprio terás que vencer esta luta; pensamento a pensamento, desejo a desejo, vício a vício, complexo a complexo... É a batalha entre o bem e o mal.


A chave está na dissolução dos elementos indesejáveis que carregamos dentro de nós.


Auto-conhecendo-nos, vendo como somos internamente, iniciaremos o caminho em direcção à Verdade e Liberdade.


Nós somos o que é a nossa vida.
Acreditamos que é importante o que não é importante; a última noticia, a última moda, a aventura amorosa, as fofocas, as calúnias, os boatos as diversões...Envolvidos no quotidiano, nem nos apercebemos que nem os nossos pensamentos, nem as nossas acções e nem os nossos desejos nos pertencem verdadeiramente.


Dando-te como exemplo o sexo (relacionamentos) que é uma energia muito poderosa e transformada em desejo, talvez seja o "inimigo" mais difícil de combater. O sexo e a busca de um parceiro é como que o centro de gravidade das nossas actividades.
Se reparares, a razão de fundo pela qual as pessoas frequentam grupos, associações, Internet são impelidas pelo sexo, reúnem-se no café impelidas pelo sexo, vão à praia impelidas pelo sexo, jantaradas, festas, bares, discotecas, o sexo está sempre presente e por ai fora...


Suponhamos que um pensamento qualquer de luxúria com uma amiga se apossa de nós e começa a projectar na tela da Mente cenas de sexo. Se nos identificamos com esses pensamentos eles permanecerão. Mas se os eliminarmos ou transmutarmos da nossa psique obviamente eles desaparecerão. Este é um exemplo da luta interior contra nós próprios, contínua, pensamento a pensamento.


Outra situação como exemplo: se ao chegarmos, ao nosso carro e verificamos que ele tem uma amolgadela, provocada por alguém que nem deixou contacto, basta isso para nos sentirmos imediatamente infelizes e tristes.
Com raiva pelo sujeito que fez aquilo, com as despesas que temos de suportar injustamente, "ficamos com o dia estragado". Catapultamos uma série de pensamentos negativos, que sem nos apercebermos, só nos ajudam a continuar infelizes e tristes e essa sensação só se vai desvanecendo com o passar do tempo.
Mas se tivermos a capacidade de parar nesses pensamentos, de analisá-los, transmutá-los, inverter a sua polaridade, então podemos começar a transformar a infelicidade e tristeza que nos envolvem interiormente. Se levarmos uma vida auto-consciente somos nós que dirigimos caso contrário somos dirigidos.


Por falar em inverter as polaridades e já que me estou a alongar muito, vou abordar as outras duas questões de que falámos e tentar ser breve.


Deus, o Todo, Alá, o Inefável, Aquele que É, O que É ;ou qualquer outra designação que lhe queiramos atribuir é UNO é a unidade.
O cosmos, o universo, onde estamos inseridos, Tudo é Duplo.Há dois lados em tudo. Tudo tem dois pólos.
Tudo tem o seu oposto. Tudo tem dois extremos.
Esta é uma Lei que rege o universo, também as nossas vidas.


Imagina dois extremos, no meio um ponto neutro (EX: números positivos , números negativos e o zero) e um pêndulo que oscila entre os dois extremos. É assim que se manifesta a Lei da Dualidade.
Os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em graus consoante o pêndulo está posicionado.
Os opostos são a mesma coisa, diferindo somente em grau.


Lembras-te...! Falámos do calor e do frio, ainda que sejam opostos; são a mesma coisa, a diferença situa-se na variação do grau da temperatura. Falamos em calor, quando as temperaturas se situam acima dos 30 graus, em frio quando são menores que os 10 graus.
Qual a diferença entre o grande e o pequeno? Entre o alto e o baixo? Entre o branco e o preto? As diferenças consistem nas variações de graus, com muitos graus de diferença entre os dois extremos.
Tudo o que adjectivamos existe em opostos.
Mas isto é o universo é a vida. Dentro de Nós e fora de Nós existem sempre as duas partes e deslocamo-nos entre os dois extremos.


Esta Lei também opera nos pensamentos e no plano mental.
Todos nós já vivemos múltiplos períodos e situações de:
Amor e de Ódio.
Alegria e de Tristeza.
Coragem e de Medo.
Saúde e de Doença.
Bem-estar e de Mal-estar.
Esperança e de desespero.
Felicidade e de Infelicidade... etc... etc... etc...
Mas tudo isto está dentro de Nós, as duas partes fazem parte de Nós... e o pêndulo oscila em movimentos entre os opostos.


Em Nós também existe a dualidade, o próprio cérebro está dividido em dois; hemisfério direito e esquerdo.
A nossa própria vida é dual. Possuímos o nosso próprio "mundo interior" que é só nosso. Mas perante os outros e a sociedade fabricamos a nossa imagem exterior
Quando se afirma que a vida é um palco e nós actores cheios de máscaras,é essa a nossa realidade exterior.


Como é que podemos interferir com esta Lei? Como é que podemos utilizá-la na nossa vida?
Os nossos estados Mentais em relação a qualquer coisa são todos uma questão de graus.
Dois estados Mentais diferentes, mas com a mesma natureza,é possível mudar as vibrações e as energias dos pensamentos.
Pomos em movimento o princípio da dualidade e concentramo-nos sobre o pólo oposto ao que queremos suprimir.
Os nossos estados interiores podem ser transmutados e transformados de grau em grau, de extremo a extremo.
Podes transformar aquilo que é desagradável em agradável; o que é negativo em positivo; tristeza em alegria; ódio em amor, etc... etc...
Imagina que aconteceu qualquer coisa desagradável e ficaste cheio de ódio; se parares nos pensamentos, se sentires conscientemente o teu estado interior e contrapores pensamentos de amor estás a mudar a polaridade do teu estado interior. Podes transmutar o ódio em amor e vice-versa, porque são da mesma natureza. Não podes transmutar ódio em coragem ou alegria porque são de naturezas diferentes. Podes transformar medo em coragem ou alegria em tristeza; podes transformar tudo, é uma questão de estares desperto, auto-consciente, controlares os pensamentos.


Por curiosidade:
A aplicação destes princípios das Leis Universais, eram os princípios básicos da arte da Alquimia, que se baseava no domínio das forças Mentais e não como geralmente se crê, no dominio dos elementos materiais. Os textos mais antigos que conheço sobre estes temas são alquimistas. Vou comentar mais duas leis que interagem com a dualidade.
A Lei do Ritmo e a Lei da Compensação. A lei da dualidade e a lei do ritmo, faziam parte das 7 leis que os Alquimistas consideravam como as mais importantes, que se manifestam no universo.


Lei do Ritmo é a lei responsável pelos ciclos de vida nascer-crescer-amadurecer-decair-morrer-renascer; tudo tem um fluxo e um refluxo, tudo avança e recua é a lei responsável pela ascensão e queda das nações, civilizações por exemplo a economia (neste momento estamos em recessão, anteriormente estávamos em ascensão).
Lei da Compensação: a medida do movimento à direita è a medida do movimento à esquerda; tudo se manifesta por oscilações compensadas, o ritmo é a compensação.


Dando como exemplo a Felicidade, talvez o principal objectivo de todas as pessoas...Só que nos esquecemos que vivemos num Universo Dual e como tal a infelicidade também faz parte.
Quando vivemos períodos de intensa felicidade, vão-nos surgir períodos de intensa infelicidade. Quando vivemos momentos de felicidade moderada, teremos momentos de infelicidade moderada e assim sucessivamente, vivênciamos vários ciclos com diversos graus.
Se reparares, mesmo as pessoas com muito poder ou com fortunas incalculáveis tem períodos(ciclos) de felicidade e infelicidade, assim como os pobres e humildes. Ambas existem e fazem parte da vida.


São as partes negativas que nos causam infelicidade, se não anularmos todas as naturezas que nos provocam infelicidade esta irá continuar a manifestar-se.
Geradores de infelicidade: inveja, ciúme, ira, tristeza, ódio, desgostos. morte, desconfiança, injustiça, complexos, traição, sonhos por concretizar, desejos por realizar... etc... etc, mesmo quando sentimos satisfação com vinganças, sacanices, mentiras...mais tarde o arrependimento e remorsos causam-nos infelicidade.
Polarizando e transmutando o negativo em positivo(È UMA LUTA CONSTANTE CONTRA NÒS PRÒPRIOS E ASCONTIGÊNCIAS DA VIDA) eliminando os maus pensamentos, colocando o pêndulo no "LADO DO BEM", consegues ultrapassar ciclos de infelicidade e usufruir de felicidade interior mais estável e duradoura.


A lei do ritmo manifesta-se entre os extremos (pólos) estabelecidos pela dualidade; não se pode anular a lei do ritmo
(ciclos) ou impedir as suas manifestações, assim como as outras Leis Universais, mas poderás escapar da sua actividade, principalmente nos ciclos negativos, através da transmutação de pensamentos e pela lei da neutralização.
A vibração do pêndulo realiza-se no plano inconsciente, se aplicares transmutação e a lei da neutralização a vibração não é manifestada na consciência."É como se te elevasses acima de uma coisa e ela passasse por baixo.
Evitas que os Estados Mentais negativos (ex: infelicidade) te dominem; e fortaleces o domínio de ti próprio e da vida.


Vivemos a nossa vida exterior, mais em função daquilo que os outros possam pensar de Nós, do que em função de Nós próprios.
Os dias sucedem-se e por vezes surgem-nos problemas, preocupações, injustiças, situações que nos magoam...(infelicidade).
Superar e transmutar todas estas contingências da vida não é facíl. Geralmente, acomodamo-nos e deixamo-nos ir ao sabor da corrente. Reclamamos que este Mundo é cruel, corrupto, degradado, injusto, louco, fazemo-nos de vítimas e coitadinhos mas não nos preocupamos em saber porque é que as coisas acontecem assim.
Raramente, de manhã, frente ao espelho nos interrogamos. O que é a minha vida? O que é que Eu Sou afinal? Sou feliz?
O que é que consegui, o que é que quero da Vida...


Existe o Livre Arbítrio, a escolha é sempre nossa, existem sempre as duas partes: ou continuamos adormecidos com a Vida a passar-nos ao lado... Ou despertamos e começamos a conhecer-nos e a tudo aquilo que nos rodeia. A força de vontade é importante.
Rui
A ver o Rio

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Rui? Foi o Rui que escreveu isto?

Que engraçado!
Subscrevo, quase assinaria por baixo, evidentemente se m,e deixasse. Quase, porque há uma frase que modificaria, aliás inverteria.

O Rui diz:
"Nós somos o que é a nossa vida"
Eu diria: A noss vida é o que nós somos.

Cumprimentos

Marta

23:13  
Blogger Tre(e)tas said...

Belissímo texto. Parabéns.

19:26  
Anonymous Anónimo said...

Excelente ...nada mais posso acrescentar.. assino embaixoestetexto tambem..

16:17  
Blogger ATIREI O PAU AO GATO said...

Seja muito bem vindo a esta casinha humilde, "Tre(e)tas" e fazemos votos para que volte mais vezes e sempre aqui encontre algo que seja tão do seu agrado com este texto que generosamente elogiou.

Muita paz e saúde para si e todos os que lhe são queridos

Luís F. de A. Gomes

19:02  

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