2007-02-03

JUSTIFICANDO A DIGNIDADE

COMBINAÇÕES
MISTERIOSAS

Somos dignos pois somos filhos de Deus.
Aceitamos que Ele provocou o Universo e que operou de forma a que em este a inteligência, tal como a conhecemos ou de qualquer outra maneira, fosse possível.
Assim, todos transportamos essa centelha divina que se materializa, precisamente, na infinita dignidade que reconhecemos em todos os seres humanos o que, para ser feito à nascença, pressupõe a igualização e a idealização na universalidade da referida condição.
Mas também somos dignos por sermos muito simplesmente humanos.
Igualizamo-nos por sermos membros da mesma espécie e, enquanto tal, qualquer característica cultural universal é necessariamente inerente a todos os indivíduos. É o que acontece com a dignidade.
Ainda que a cultura não tenha transmissão biológica nem genética, não deixa de ser menos verdade que é naquele e a partir daquele aparato bio-genético que os humanos não só conseguiram criar e desenvolver formas de expressão cultural, como aí encontraram as condições necessárias para que o pudessem fazer. Neste sentido, não andaremos longe da verdade se preferirmos afirmar que a natureza humana tem na sua origem essa dupla vertente biológica e cultural o que, de imediato, nos confere o estatuto de infinitamente dignos muito simplesmente por sermos humanos.
Como será isso se não tivermos presente a aceitação da igual filiação divina? Nessa dimensão não teremos que admitir que somos filhos do acaso? Não vemos qual o problema em o fazer e ao mesmo tempo aceitarmos o princípio da dignidade pois aquilo que as ciências nos permitem observar é que a vida de cada ser humano individualmente considerada é um fenómeno tão singular e irrepetível que só pode ser valorizado nessa sua expressão única se lhe conferirmos exactamente o estatuto de uma dignidade infinita, isto é, se lhe reconhecermos o respeito de em ela ver o vértice de todas as outras coisas.

Luís F. de A. Gomes
Barreiro, 29 de Dezembro de 1999

4 Comments:

Blogger maria inês said...

bom dia, Luis, fiquei sem palavras depois de ler o comentário, que me deixou.

muito obrigaga! (dia, hora e momento certo)

b&a

inês

10:42  
Blogger ATIREI O PAU AO GATO said...

Boa noite, Inês, apesar dos pingos que se atiram em rios de silêncio pelas vidraças, buscando a foz da base em que se desfazem num mar onde podem brilhar os candeeiros da via pública, tal como esta guitarra subtil leva a música a terminar num piano que só os corações quando encantados são capazes de perceber. Há um bafo tépido no lado das ruas e no céu há mesclar de escurecimento que ocultam as cintilações que lá do alto, do muito alto, lhe sorriem para que se sinta felíz e cheia de alegria pela vida que a rodeia e que agora se veste de bonito só para seu contentamento.
Se quer que lhe fale com toda a sinceridade e a minha cara Senhora nada menos que merece e especialmente deste seu leal servidor, devo dizer-lhe que não compreendo as suas palavras, isto é, não sou capaz de entender o que possa ter feito para essa sua reacção. Limitei-me a agradecer-lhe um gesto que me tocou fundo no coração pois nunca na minha vida fui tratado com tanto simpatia por quem não me conhece e a quem nunca vi e, em conformidade, a quem sequer tive oportunidade para oferecer o mais simples olá.
Digo-lhe que aqui neste universo da blogosfera tenho sido tratado com uma bondade e generosidade que muito me leva a perguntar o que possa ter feito para as merecer e logo pela parte de mais do que uma pessoa. Houve quem me ligasse à primeira vista e quem me tenha dado um destaque que me deixou admirado. Afinal até posso sizer que tenho conhecido pessoas a quem a passagem dos dias me tem feito dar corpos e rostos e não andarei longe da verdade se disser que há pessoas de quem facilmente ficaria amigo se as conhecesse em termos de facto e até posso acrescentar que também há os casos de haver quem eu muito gostaria de conhecer pessoalmente. Enfim... Estamos num mundo muito peculiar. Mas a verdade é que nunca ninguém me tinha dado um presente sem me conhecer e logo a mim que, por brincadeira e até feitio, até, por acaso,por vezes dou coisas -flores e livros- a pessoas que se cruzam casualmente comigo nas ruas. Seja como for, nunca isso acontecera ao contrário e sem que eu esperasse ou tivesse manifestado o menor sinal, aliás, sem que eu a conheça ou alguma vez me tivesse cruzado consigo, mesmo aqui, nestes espaços, a minha cara Senhora fez o favor de destacar a proposta de debate do Largo da Graça e para mais com uma estética do mais fono bom gosto.
Como esperava que eu reagisse, ficasse calado e nada dissesse? Nao agradecesse? Como assim, seria isso possível, tendo eu dado conta do ocorrido?
Sabe Inês, Maria Inês, gosto mais assim se me permite que a trate pelo seu próprio -presumo- nome ou em alternativa, o pseudónimo que escolheu, mas, como ia dizendo, sabe o que éo perdão? Já alguma vez reflectiu sobre o que é o perdão, qual a importância de perdoar, o saber fazer, ser capaz de o manifestar e pôr em prática e compreender o porquê da importância daquele valor?
Não importa o que tenha feito e pouco me importa que este seja para sim um assunto estranho -coisa que acho manifestamente difícil, mas é sempre uma hipótese, não é?- pois a mim desde sempre me procuraram fazer entender o papel do perdão nas nossas vidas que só por Ele um dia serão julgadas e perceber que por muito difícil que aquele seja para nós, por muito árdua e dilacerante que seja a expressão do mesmo para com alguém, é sempre na nossa humildade que seremos capazes de o encontrar e de reunir as forças para lhe dar razão de ser.
É claro que eu não sou nenhum anjo -muito menos anjinho- e confesso que nem sempre sou capaz de uma tão elevada inteligência e grandiosa simplicidade, mas regra geral sou capaz de perdoar aqueles que por isto ou aquilo procurarm magoar-me ou chegaram a fazê-lo. Houve na História o indizível e perante isso rogo o Deus que me absolva do pecado de não ser capaz de aceitar aí o perdão, mas procuro viver sem ofender o próximo e se~por qualquer motivo não peço desculpas imediatas à ofensa, guardo-me para o dia apropriado em que o faço e a Ele me encomendo para que me perdoe por todas as minhas faltas, especialmente aquelas de que eu, simples e ignorante mortal, nem mesmo possa ter dado conta.
Pode achar estranho o que lhe estou a dizer e pensar que eu sou ridículo e pateta mas eu, perante isso, limito-me a encolher os ombros e até posso sorrir olhando-a de frente. Para mim é indiferente. Mas o que lhe digo é verdadeiro e sentido -tal como foram as palavras com que lhe agradeci no seu blog, mesmo admitindo o quanto as mesmas têm de formalidade- e acrescento que muitas vezes até acabo por esquecer por completo tanto o objecto da ofensa como a pessoa que o possa ter feito e não seria a primeira vez que depois conviveria razoavelmente bem com ela. Há casos em que até esse tal olvido émesmo um propósito demandado.
Mas há uma outra coisa que me exigiram desde que me lembro e que a vida ensinou-me a conferir todo o respeitopela confirmação que me permitiu ver quanto à sua pertinência. E é simples, não esquecer quem nos tratou bem e ainda menos o bem que nos fizeram. Ora é aqui que você entra e por isso entrei na sua casa, lhe pedi licença e disse-lhe, de cabeça levantada e olhos nos olhos mas com a nudez da humildade de um profundamente agradecido, disse-lhe, repito, o que tinha a dizer. Nada de mais, portanto e justamente por isso não sou capaz de compreender em que se alicerça para dizer aquilo que aqui me veio dizer. Desculpe-me e não me leve a mal por isso,mas na verdade sempre me senti muito incapaz e ignorante e neste caso não entendo as suas palavras. Eu tinha que fazer o que fiz pois a alternativa seria a ingratidão e minha caríssima Senhora, mesmo não a conhecendo de onde quer que seja, mesmo admitindo que vocêm possa ser alguém que nada tem a ver com o perfil com que se apresenta no seu blog, não me será nada difcícil pensar que tabém você não gostará de ver a ingratidão seja em que situação for. Ora se me ensinaram que não podemos julgar os outros, igualmente me fizeram aprender que é na minha consciência que em primeiro lugar eu me julgo e posso dizer-lhe que sempre veria como uma falta de carácter se fosse, por norma, ingrato.
Rogo para que não tome estas palavras como presunção ou arrogância da minha parte. Sei que não sou lá grande coisa, mas procuro cultivar a humildade e se lhe deixo tantas palavras é tão só pela minha incapacidade de não conseguir expressar-me melhor e depois porque tinha que lhe dizer que não fiz nada de relevante,limitei-me a cumprir aquilo que, perante o lindo gesto que você teve para comigo, seria, de imediato, o meu dever.
Maria Inês, aceite estas palavras como a pouca água e o pão duro de um pobre que de cabeça, agora baixa, lhe dá a única coisa que tem para repartir consigo que bateu à nossa porta com o cansaço e o pó de uma jornada e nos pediu tão só um pouco de alívio para o mesmo. Volto a dizer, o seu gesto foi lindo e pura e simplesmente me siderou. Nem do meu próprio pai eu escutei o mais leve elogio ao longo da minha vida e acredte que do fundo do coração sinto que, pelo menos, uma ou outra vez o teria merecido e pela primeira vez na minha vida que já não é tão curta como tudo isso -sou um ano mais elho que você- um desconhecido deu-me um presente sem que eu tivesse feito o que quer que fosse para o merecer.
Mas já não posso tomar mais do seu tempo que seguramente será precioso e não para desperdiçar com as minhas palavrinhas.
Desejo-lhe toda a paz que possa haver no mundo e saúde, muita saúde, para que possa viver com alegria, a alegria dos encantos que a vida tem quando em ela atentamos os nossos olhos vadios e nos deixamos prender pelas cores que a Primavera costuma trazer ao olhar da Terra. Tudo de bom para si,Maria Inês
Luís Foch

23:56  
Blogger maria inês said...

fico deslumbrada ao ler tudo o que me escreve.

os meus parabéns, pelo que demonstra ser.

Bem Haja

14:30  
Blogger ATIREI O PAU AO GATO said...

Bem vinda, Inês, gosto sempre de a ver por aqui, acredite que este espaço fica mais bonito com a sua presença.
Pois então deixe que lhe diga que a beleza está nos seus olhos, é você que na chama que tráz no peito consegue ver a beleza onde, provavelmente, nem está lá. É a sua bondade e a sua curiosidade que a levam a escrever essas palavras e por isso a grandeza é inteiramente sua.
Eu não demonstro ser nada, minha cara Senhora, a não ser um escrevinhador de meia tigela o que não émuito, diga-se em abono da verdade. Também aí é a Inês com a riqueza do seu interior que é responsável por aquilo que vê.
Um resto de noite cheia de coisinhas de encantar, com muita paz e harmonia
Luís Foch

19:53  

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