CONECTIONS
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Chegados aqui, não poderemos avançar sem indagarmos o porquê do etnocentrismo.
Recordemos que aquele preconceito é a ideia que os padrões culturais de uma sociedade humana são, para os indivíduos que lhe dão corpo, mais importantes e avançados que os das outras.
Cabe agora perguntar, em que se baseia esta crença?
Quais são os alicerces dessa propensão para conferirmos maior importância às nossas próprias formas de vida?
O que levará alguém a afirmar a superioridade da sua cultura em relação às outras.
No ensaio anterior escrevemos que o isolamento geográfico propiciou o desenvolvimento do preconceito em referência. Terá sido o seu enquadramento exterior.
Porém, continuamos a falar de pilares exteriores aos indivíduos.
Mas, se como sustentámos, o preconceito etnocêntrico é uma crença e, por isso, sendo inconsciente no discurso de uma certa pessoa, não é algo natural à sua biologia, ainda assim é pertinente que se coloque a seguinte dúvida:
Inerentemente aos seres humanos não existirão factores –salvo seja a expressão- que facilitem o aparecimento da resposta etnocêntrica?
Respondemos pela afirmativa e, por ora, limitar-nos-emos a destacar dois elos para esta problemática.
Falamos do medo e do egocentrismo.
No primeiro caso referimos uma coisa que é própria dos seres humanos e que se pode revelar em qualquer pessoa, o medo dos outros, do desconhecido, isto é, os receios e os temores que possamos sentir em face do que não conhecemos ou do que, sendo conhecido, sabemos ser doloroso.
Precisamente por isto, os sociólogos rurais identificam a aldeia como espaço securizante na cosmovisão dos seus habitantes.
No segundo estamos a pensar na humana tendência para nos apresentarmos como as pessoas mais importantes, atitude normal durante certo período nos princípios das nossas vidas, pelo menos no que diz respeito aos cidadãos das sociedades ocidentais.
Em ambos os casos não estamos a dizer que seja algo comum a todos os elementos da nossa espécie. Mas em contrapartida, é algo a que ninguém estará imune no princípio da vida.
Isso facilita a projecção colectiva que se materializa no etnocentrismo.
Estes fenómenos podem interactuar e levarem os indivíduos a desenvolverem o preconceito etnocêntrico, justamente como forma de afirmação e ainda como meio de conter os medos aludidos e também de dar escoamento a esses impulsos egocêntricos.
Com isto interagem para que o etnocentrismo seja, na sua génese, um fenómeno não dependente da nossa vontade e ou consciência.
De qualquer modo, aquela interactuação não tem necessariamente o desenlace apresentado.
Neste aspecto incide o modo como, em geral, os humanos vão construindo o seu conhecimento comum do mundo, dentro e a partir dos seus espaços de vivência quotidiana.
Essa formação dentro de parâmetros limitados ao nosso próprio modo de vida conflui para que a interacção dos citados mecanismos tenha maior tendência para propiciar a expressão do preconceito etnocêntrico.
Quando falamos em superar o etnocentrismo, para lá de tudo quanto tenhamos escrito até aqui, vemo-nos forçados a considerar o que pode dirimir estes últimos fios em que aquele se consolida.
Luís F. de A. Gomes
Recordemos que aquele preconceito é a ideia que os padrões culturais de uma sociedade humana são, para os indivíduos que lhe dão corpo, mais importantes e avançados que os das outras.
Cabe agora perguntar, em que se baseia esta crença?
Quais são os alicerces dessa propensão para conferirmos maior importância às nossas próprias formas de vida?
O que levará alguém a afirmar a superioridade da sua cultura em relação às outras.
No ensaio anterior escrevemos que o isolamento geográfico propiciou o desenvolvimento do preconceito em referência. Terá sido o seu enquadramento exterior.
Porém, continuamos a falar de pilares exteriores aos indivíduos.
Mas, se como sustentámos, o preconceito etnocêntrico é uma crença e, por isso, sendo inconsciente no discurso de uma certa pessoa, não é algo natural à sua biologia, ainda assim é pertinente que se coloque a seguinte dúvida:
Inerentemente aos seres humanos não existirão factores –salvo seja a expressão- que facilitem o aparecimento da resposta etnocêntrica?
Respondemos pela afirmativa e, por ora, limitar-nos-emos a destacar dois elos para esta problemática.
Falamos do medo e do egocentrismo.
No primeiro caso referimos uma coisa que é própria dos seres humanos e que se pode revelar em qualquer pessoa, o medo dos outros, do desconhecido, isto é, os receios e os temores que possamos sentir em face do que não conhecemos ou do que, sendo conhecido, sabemos ser doloroso.
Precisamente por isto, os sociólogos rurais identificam a aldeia como espaço securizante na cosmovisão dos seus habitantes.
No segundo estamos a pensar na humana tendência para nos apresentarmos como as pessoas mais importantes, atitude normal durante certo período nos princípios das nossas vidas, pelo menos no que diz respeito aos cidadãos das sociedades ocidentais.
Em ambos os casos não estamos a dizer que seja algo comum a todos os elementos da nossa espécie. Mas em contrapartida, é algo a que ninguém estará imune no princípio da vida.
Isso facilita a projecção colectiva que se materializa no etnocentrismo.
Estes fenómenos podem interactuar e levarem os indivíduos a desenvolverem o preconceito etnocêntrico, justamente como forma de afirmação e ainda como meio de conter os medos aludidos e também de dar escoamento a esses impulsos egocêntricos.
Com isto interagem para que o etnocentrismo seja, na sua génese, um fenómeno não dependente da nossa vontade e ou consciência.
De qualquer modo, aquela interactuação não tem necessariamente o desenlace apresentado.
Neste aspecto incide o modo como, em geral, os humanos vão construindo o seu conhecimento comum do mundo, dentro e a partir dos seus espaços de vivência quotidiana.
Essa formação dentro de parâmetros limitados ao nosso próprio modo de vida conflui para que a interacção dos citados mecanismos tenha maior tendência para propiciar a expressão do preconceito etnocêntrico.
Quando falamos em superar o etnocentrismo, para lá de tudo quanto tenhamos escrito até aqui, vemo-nos forçados a considerar o que pode dirimir estes últimos fios em que aquele se consolida.
Luís F. de A. Gomes