SER LIVRE DE ESCOLHER
COMBINAÇÕES
MISTERIOSAS
O que é ser um homem livre? Em que se materializa a realidade de escolher?
São perguntas que nos permitem compreender a profundidade das balizas daquilo que podemos identificar como prefazendo o conteúdo daquele último verbo e, com isso, entender a complexidade da teia cultural e individual em que se consubstancia um homem livre.
Sob o aspecto de uma fórmula canónica, ser livre é ter a possibilidade de viver de acordo com as preferências pessoais. Isso implica que a pessoa tenha meios adequados para o conseguir, genericamente meios de ordem material e espiritual. Como isso é possível é um assunto mais vasto que em muito transcende as competências do indivíduo, ele próprio. Mas a síntese anterior, igualmente requer que, sem razão, ninguém seja coagido contra a sua vontade.
Escolhemos sempre num determinado quadro de circunstâncias. Significa que em determinados casos as escolhas que fazemos dependem ou estão relacionadas com a nossa maneira de ser, o que sabemos, a vida que desempenhamos no quotidiano, o meio geo-social em que vivemos e os nossos níveis de integração e interiorização com e no mesmo.
Há escolhas que em nós requisitam um maior e mais elevado ou mais complexo, se quisermos, conjunto de competências e inter-conecções, isto é, envolvem inúmeros items, intrínsecos e extrínsecos à nossa pessoa, assim como há aquelas que se fazem em função de uma pequena reunião de elementos influenciantes. Das últimas para as primeiras se alargam e complexificam as malhas que viabilizam os actos de escolher. Em conformidade, ser livre, começa necessariamente pela ausência de interdições não naturais nem razoáveis a uma tal oportunidade de acção.
O mundo é tanto mais livre quanto maior é o número de pessoas que vivem em tal estádio.
Luís F. de A. Gomes
Alhos Vedros, 18 de Dezembro de 1999