2006-10-22

SER LIVRE DE ESCOLHER

COMBINAÇÕES
MISTERIOSAS
O que é ser um homem livre? Em que se materializa a realidade de escolher?
São perguntas que nos permitem compreender a profundidade das balizas daquilo que podemos identificar como prefazendo o conteúdo daquele último verbo e, com isso, entender a complexidade da teia cultural e individual em que se consubstancia um homem livre.
Sob o aspecto de uma fórmula canónica, ser livre é ter a possibilidade de viver de acordo com as preferências pessoais. Isso implica que a pessoa tenha meios adequados para o conseguir, genericamente meios de ordem material e espiritual. Como isso é possível é um assunto mais vasto que em muito transcende as competências do indivíduo, ele próprio. Mas a síntese anterior, igualmente requer que, sem razão, ninguém seja coagido contra a sua vontade.
Escolhemos sempre num determinado quadro de circunstâncias. Significa que em determinados casos as escolhas que fazemos dependem ou estão relacionadas com a nossa maneira de ser, o que sabemos, a vida que desempenhamos no quotidiano, o meio geo-social em que vivemos e os nossos níveis de integração e interiorização com e no mesmo.
Há escolhas que em nós requisitam um maior e mais elevado ou mais complexo, se quisermos, conjunto de competências e inter-conecções, isto é, envolvem inúmeros items, intrínsecos e extrínsecos à nossa pessoa, assim como há aquelas que se fazem em função de uma pequena reunião de elementos influenciantes. Das últimas para as primeiras se alargam e complexificam as malhas que viabilizam os actos de escolher. Em conformidade, ser livre, começa necessariamente pela ausência de interdições não naturais nem razoáveis a uma tal oportunidade de acção.
O mundo é tanto mais livre quanto maior é o número de pessoas que vivem em tal estádio.
Luís F. de A. Gomes
Alhos Vedros, 18 de Dezembro de 1999

2006-10-08

O ACTO DA ESCOLHA

COMBINAÇÕES
MISTERIOSAS

A escolha é a materialização plena da liberdade de uma pessoa.
Semântica e epistemologicamente é fácil definir escolha. Trata-se da expressão da opção que se faz em face de um conjunto não singular nem vazio.
Porque nasce digno, em si, o ser humano parte com essa propriedade que está para a sua entidade cultural como a respiração para a sua dimensão biológica. Enquanto seres culturais, são os homens nados com a possibilidade de escolher.
Pois é precisamente neste último verbo que se encontram as dificuldades.
Aí estamos no plano do acto em que se realiza o conceito inicial.
E o que verificamos é a existência de um amplo espectro de situações em que o denominador comum é o facto de serem, de alguma forma, escolhas. Acontece é que há diferentes ondas, isto é, podemos agrupar tais actuações em diversos níveis mediante vários e diferenciados requisitos. Ora, quantos não são os humanos que estão longe de se aproximarem sequer da onda média?
Se quisermos sustentar que a liberdade fica completa na escolha e concretização de um projecto de vida, então teremos de considerar a complexidade da realidade de se ser um homem livre.

Luís F. de A. Gomes
Lisboa, 11 de Dezembro de 1999