2007-02-17

O REMATE FINAL

COMBINAÇÕES
MISTERIOSAS


Afinal que quis eu dizer com esta pequena série do meu bloco de notas?
Tão simplesmente fazer o registo de pequenos apontamentos no domínio da crítica aos pensamentos racistas e da procura de alternativas ao pulsar etnocêntrico para o que todos temos uma propensão natural.
A ideia pode resumir-se mais ou menos assim.
Tendo em conta os desideratos referidos importa assimilar o conceito de humanidade e agir em conformidade. Culturalmente, aquela engloba a noção de dignidade que dado ser a única característica, a esse nível, à partida universalmente reconhecível entre os humanos, uma vez aceite pouco espaço deixará para que aquelas ideologias e sentimentos etnofóbicos se manifestem e permitam que os seus intérpretes passem a vias de facto. Em complementaridade, apresentei uma hipótese de explicação gnosiológica e justificação factual para a segunda daquelas noções.
Resta-me expressar o desejo que a partilha destes meus apontamentos lhes tenha sido agradável.

Luís F. de A. Gomes
Alhos Vedros, 7 de Maio de 2000

2007-02-03

JUSTIFICANDO A DIGNIDADE

COMBINAÇÕES
MISTERIOSAS

Somos dignos pois somos filhos de Deus.
Aceitamos que Ele provocou o Universo e que operou de forma a que em este a inteligência, tal como a conhecemos ou de qualquer outra maneira, fosse possível.
Assim, todos transportamos essa centelha divina que se materializa, precisamente, na infinita dignidade que reconhecemos em todos os seres humanos o que, para ser feito à nascença, pressupõe a igualização e a idealização na universalidade da referida condição.
Mas também somos dignos por sermos muito simplesmente humanos.
Igualizamo-nos por sermos membros da mesma espécie e, enquanto tal, qualquer característica cultural universal é necessariamente inerente a todos os indivíduos. É o que acontece com a dignidade.
Ainda que a cultura não tenha transmissão biológica nem genética, não deixa de ser menos verdade que é naquele e a partir daquele aparato bio-genético que os humanos não só conseguiram criar e desenvolver formas de expressão cultural, como aí encontraram as condições necessárias para que o pudessem fazer. Neste sentido, não andaremos longe da verdade se preferirmos afirmar que a natureza humana tem na sua origem essa dupla vertente biológica e cultural o que, de imediato, nos confere o estatuto de infinitamente dignos muito simplesmente por sermos humanos.
Como será isso se não tivermos presente a aceitação da igual filiação divina? Nessa dimensão não teremos que admitir que somos filhos do acaso? Não vemos qual o problema em o fazer e ao mesmo tempo aceitarmos o princípio da dignidade pois aquilo que as ciências nos permitem observar é que a vida de cada ser humano individualmente considerada é um fenómeno tão singular e irrepetível que só pode ser valorizado nessa sua expressão única se lhe conferirmos exactamente o estatuto de uma dignidade infinita, isto é, se lhe reconhecermos o respeito de em ela ver o vértice de todas as outras coisas.

Luís F. de A. Gomes
Barreiro, 29 de Dezembro de 1999